Fome nordestina
Esquecer momentos ruins, bem que eu gostaria.
Aquela infância triste, aquela vida vazia
A fome que me maltratava, meu estômago que doía.
Um dia antes começava o conhecido terrorismo
Esquecer momentos ruins, bem que eu gostaria.
Aquela infância triste, aquela vida vazia
A fome que me maltratava, meu estômago que doía.
Um dia antes começava o conhecido terrorismo
Quando o meu pai falava baixinho,
ou até mesmo no grito, Que amanha trincasse os dentes,
pois de comer nada havia, e comida não tinha mesmo
o jeito era ficar de barriga vazia.
Eu e meus irmãos assim, passávamos o dia chupando o dedo
Naquele inferno de vida, naquele desassossego
Às vezes tinha água na jarra, às vezes água não tinha
Para ter água para beber, só no poço da vizinha
Mais a fome era tanta, que coragem ninguém tinha.
Mesmo assim eu consegui crescer nesse horrível ambiente
Magra que só um caniço, na cara só se via o nariz e os dentes
Infeliz, complexada, sonhando em um dia também ser gente.
E quando em criança a fome eu não aguentava
então abria a boca e para o mundo eu gritava
tou com fome! tou com fome! tou com fome!
E meu pai assim falava, cala a boca ou menina!
para com essa história, se não eu vou aí e entras na minha sola!
Ou seja, o cinto de couro ou o galho da goiabeira,
quando bate na tua pele, ela toda se esfola.
Agora a vida mudou, consegui tudo que eu queria
foi preciso vim para o sul e deixar aquela vida vazia,
fome já não passo, hoje são felizes os meus dias.
Mara laurentino
ou até mesmo no grito, Que amanha trincasse os dentes,
pois de comer nada havia, e comida não tinha mesmo
o jeito era ficar de barriga vazia.
Eu e meus irmãos assim, passávamos o dia chupando o dedo
Naquele inferno de vida, naquele desassossego
Às vezes tinha água na jarra, às vezes água não tinha
Para ter água para beber, só no poço da vizinha
Mais a fome era tanta, que coragem ninguém tinha.
Mesmo assim eu consegui crescer nesse horrível ambiente
Magra que só um caniço, na cara só se via o nariz e os dentes
Infeliz, complexada, sonhando em um dia também ser gente.
E quando em criança a fome eu não aguentava
então abria a boca e para o mundo eu gritava
tou com fome! tou com fome! tou com fome!
E meu pai assim falava, cala a boca ou menina!
para com essa história, se não eu vou aí e entras na minha sola!
Ou seja, o cinto de couro ou o galho da goiabeira,
quando bate na tua pele, ela toda se esfola.
Agora a vida mudou, consegui tudo que eu queria
foi preciso vim para o sul e deixar aquela vida vazia,
fome já não passo, hoje são felizes os meus dias.
Mara laurentino