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segunda-feira, 30 de março de 2009

Fome nordestina

 
 
 
 
 
Fome nordestina

Esquecer momentos ruins, bem que eu gostaria.
Aquela infância triste, aquela vida vazia
A fome que me maltratava, meu estômago que doía.
Um dia antes começava o conhecido terrorismo
 Quando o meu pai falava baixinho,
ou até mesmo no grito, Que amanha trincasse os dentes,
pois de comer nada havia, e comida não tinha mesmo
o jeito era ficar de barriga vazia.
Eu e meus irmãos assim, passávamos o dia chupando o dedo
Naquele inferno de vida, naquele desassossego
Às vezes tinha água na jarra, às vezes água não tinha
Para ter água para beber, só no poço da vizinha
Mais a fome era tanta, que coragem ninguém tinha.
Mesmo assim eu consegui crescer nesse horrível ambiente
Magra que só um caniço, na cara só se via o nariz e os dentes
Infeliz, complexada, sonhando em um dia também ser gente.
E quando em criança a fome eu não aguentava
então abria a boca e para o mundo eu gritava
tou com fome! tou com fome! tou com fome!
E meu pai assim falava, cala a boca ou menina!
para com essa história, se não eu vou aí e entras na minha sola!
Ou seja, o cinto de couro ou o galho da goiabeira,
quando bate na tua pele, ela toda se esfola.
Agora a vida mudou, consegui tudo que eu queria
foi preciso vim para o sul e deixar aquela vida vazia,
fome já não passo, hoje são felizes os meus dias.

Mara laurentino

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